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Arquitetos: Helena Botelho Arquitectura
- Área: 288 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Nuno Almendra
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Fabricantes: BRUMA, CIN, Duravit, FSB Franz Schneider Brakel, Franke, Primus Vitória, Sosoares
SÍTIO
A casa construída em meados do século XX e situa-se numa encosta com vista para o Santuário de Fátima. Está organizada em 3 pisos que se distribuem funcionalmente do seguinte modo: no Piso 0, organiza-se a zona social composta pela entrada principal, salas de estar e de refeição, cozinha, escritório e capela, já no Piso -1, a zona mais privada, contém a ala dos quartos, o espaço de recolhimento. O sótão não foi alvo de qualquer intervenção.
Esta casa apresentava vários problemas funcionais e construtivos, fruto de obras que foi sofrendo ao longo dos últimos anos, resultando numa casa sombria, húmida e fria, e que funcionava encerrada sobre si mesma, não tirando partido da sua relação privilegiada com o exterior - as vistas desafogadas sobre o horizonte e também sobre a horta e jardim, num plano mais próximo.
PROJECTO
As ideias principais do projecto foram abrir a casa para o exterior, criando deste modo novas relações com a paisagem urbana envolvente, e regenerar, desde logo, o aspecto exterior original da casa. Com isto conseguiu-se que a luz natural voltasse a redefinir e qualificar os ambientes e simultaneamente, garantiu-se a reorganização funcional de todo o espaço, inserindo novos elementos de forma a adaptá-lo a um modo de vida mais actual.
Esta operação consistiu no desenho cuidado de cada um dos novos espaços: no piso inferior optou-se por uma nova organização, onde os quartos partilhados e por vezes interiores deram lugar a pequenos núcleos individuais, com mais luz, salubridade, privacidade, permitindo ao mesmo tempo recuperar a sua forte relação com o exterior; já no piso 0 alterou-se o espaço de chegada, garantindo uma articulação natural entre o espaço de entrada e as consequentes áreas de distribuição, nomeadamente com a abertura das escadas de acesso ao sótão. Transformou-se totalmente a cozinha, que se quis adaptada a um uso mais contemporâneo. Ainda neste piso transformou-se o espaço de capela, através da introdução de pequenas peças desenhadas, que permitem obter um espaço mais despojado e simples.
No exterior abriu-se o espaço de alpendre, garantindo uma maior relação com o jardim, de onde se alcançam vistas privilegiadas sobre a cidade.
Esta intervenção baseia-se numa lógica de continuidade, respeitando as pré-existências qualificadas, atribuindo-lhe valores contemporâneos, resultando num projecto dialogante entre partes: o passado e o presente.
MATERIALIDADE
Foi feito um grande trabalho de redesenho de mobiliário, integrado nas paredes, que permite configurar uma continuidade entre os diversos espaços, articulando de forma minuciosa, lambris, estantes, aparadores, ou portas, numa lógica de continuidade espaço-luz-matéria, redefinindo e qualificando todos os espaços, desde zonas de estar a meras zonas de passagem e distribuição entre eles.
Recuperou-se uma cor utilizada no mobiliário original - o azul dominante - uma memória que serviu de base para todos os elementos de madeira do piso de entrada. Já no piso inferior, com uma área contida e programa extenso, optou-se por desenhar uma caixa de madeira que pudesse conter os espaços de instalações sanitárias e que em simultâneo pudesse definir, qualificar e caracterizar de modo especial um simples espaço de corredor e de acesso ao jardim.